segunda-feira, 12 de março de 2007

carta ridícula XI

Minha insônia tem teu nome.
Pois que acordo pela manhã, olho os cantos da casa que anda tão largada e procuro teu rosto. Abro o armário e escolho a calcinha que irás despir, os saltos de que irás me derrubar, as saias que te deixarão entrar. Banho-me para ter cheirosos os cabelos nas tuas mãos e macias as carnes que estarão dentro delas. Caminho pelas ruas da cidade e desejo que me encontres surpreso, e me olhes descaradamente com os olhos que desejam uma prostituta. Quero servir-te indefectível como serve uma vadia. Quero que me ames clandestino como se ama uma vagabunda. Quero importunar teus sonhos de amor até que percas a bússola. Minhas mãos agora tremem como se estivesses aqui, dentro de mim, sem nome, sem palavra, sem pejo: dize-me o que queres que te darei inconteste.

Um comentário:

DIZDIZENDO disse...

Lindos Impublicáveis!!!
Quando eu crescer quero escrever asssim!!! Mesmo.