sábado, 12 de janeiro de 2008

suspensão

as cartas vão silenciar por tempo indeterminado.
quando não se tem nada a dizer e os olhos só querem chorar, melhor repousar a palavra e a cabeça no dorso das mãos pra sentir o ar do tempo, como disse o pastor de cabras.
é que tem hora que a poesia também cala, e então só resta o perdão e a espera, em dor e solidão.
a memória não tem contorno certo e vaga por caminhos incompreensíveis, por vezes tão feios, e invariável obedece a outras velocidades.
queria ser melhor.
o amor segue infinito e intransitivo, flor de formosura, beleza violenta, rosa tatuada, grandeza, redemoinho.
na travessia.

(mãe, não se assuste, está tudo bem)

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

reviverso

Começo 2008 miúda mas em gratidão: o caminhãozinho preto, o ano novo familiar e quente, a piscina do bb, os filmes no sofá, o projeto da casa, os espetáculos por vir, enfim, um ano que já começou começando, e isso só pode ser um bom prenúncio.
Assim espero. Assim seja.
Pois meu peito está pequeno, minh'alma apertada, os olhos opacos, vejo que minhas alvíssaras no ano passado tinham mais tristeza, mas também mais poesia, e hoje não tenho nem uma coisa nem outra, olho os papéis espalhados pelo chão mas minhas mãos desnorteadas esqueceram o caminho das gavetas, procuro, rezo, choro porque preciso urgentemente de uma boa notícia numeral pra que meu desespero não escureça o ensolarado do dia.