sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

carta ridícula IV

Minha condenação é esta: passar pela vida de algumas pessoas como uma alegria desimportante, chuva forte que arrasta algumas coisas de lugar, parece que muda tudo definitivo, areja de roldão o peito, mas logo assim como chegou repentina no de repente passa, e depois quando se desapercebe, já foi, esquecida.
Brevidade, esse devia ser meu nome.
Só que aqui comigo vou colecionando os amores que em mim não vão embora. Vou arrumando caprichosamente nas estantes os presentes recebidos, os carinhos desiguais, as lembranças-quaisqueres, em definitiva despedida, uma saudade eternizada, que não sai daqui, impressa nos meus escondidos, e que vez ou outra, como agora, desanda meu discurso, e me faz assim, miúda, chorim de criança com medo do escuro.
Brevidade, essa é a minha condenação.
Vergonha, minha alcunha.
E a solidão ali, ó, espreitando risonha, assustando meus olhos grandes.

Um comentário:

Anônimo disse...

Solidão
que poeira leve
solidão
olhe a casa é sua
o telefo...
e no meu descompasso
o riso dela

Na vida quem perde o telhado
em troca recebe as estrelas
pra rimar até se afogar
e de soluço em soluço esperar
O sol que sobe na cama
e acende o lençol
Só lhe chamando
Solicitando
Solidão
que poeira leve...

Se ela nascesse rainha
se o mundo pudesse agüentar
os pobres ela pisaria
e os ricos iria humilhar.
Milhares de guerras faria
pra se deleitar
por isso eu prefiro
chorar sozinho.

solidão
que poeira leve
solidão
olhe a casa é sua
o telefone tocou, foi engano
solidão
que poeira leve
solidão
olhe a casa é sua
e no meu descompasso
passo
o riso dela