domingo, 7 de janeiro de 2007

silêncio

Como se emprestasse da criança recém nascida, aquela que tem nome de flor, os votos de alegria, caráter, força, sabedoria e saúde, ofertados no batismo que queria pros próprios filhos, e como se tomasse pra si os bons vaticínios e fosse banhada daquela calma infinita e do amor todo do mundo ali presentes e presenteados;
como se, porque acordou vívida antes das seis e ordenou a casa de fora (louça limpa, roupa passada, fios presos na parede, mesa posta),
tivesse, automática, arrumado a casa de dentro;
como sentia então que a mão quente reencontrava
doce e aos poucos as curvas de seus quadriz;
e como se o vestido azul e os olhos bonitos tivessem rejuvenescido o coração ainda triste e mais velho:
foi para a praia.
Redesenhar o norte, redescobrir o tamanho do corpo, reinventar as linhas do mapa, cantar pras sereias de olhos abertos e mãos desamarradas, escutar as palavras sem contorno, predestinar.
Ensolarar, para desanoitecer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Aquela que tem nome de flor deseja à família boas férias. E à missivista recomenda que reveja suas condutas para o ano e mande as coisas que não têm importância (que feliz ou infelizmente compõe 90% da vidinha de todo dia) pra Portugal de navio. Porque nós todos precisamos dela inteiríssima pros 10% que nos restam.