terça-feira, 23 de dezembro de 2014

nevo azul

no ano que você nasceu uma mãe de santo negra, pequena e muito sorridente jogou búzios e me disse que eu sou filha de oxum e oxossi, que sou oxum velha, velha, velha cantadora de histórias, e que carrego em mim o cerne espiritual da minha família, que eu não ia querer isso mas era assim que era, e contou mais uma porção de coisas lindas que eu esqueci.
meus olhos aguados cresceram um pouco mais naquele dia, assombrei.
tempo depois fiz uma guia amarela que não voltei pra rezar.

vieram os redemunhos todos, minha vida de roldão.
oito-infinito
.O amor O.

mãos pequenas e fortes.
traça linhas de destino sob a lógica dos deuses que desconheço ao tempo que repete as palavras róseas que sei de cor.
pés bailarinos.
tanta tristeza nos olhos verdes, tanta.

me deu gosto abissal ver vocês atracados; a memória dos corpos confundidos e dos cabelos enroscados nos meus dedos ainda umedece meus joelhos; nosso sábado maiúsculo me faz acreditar que este ano estranho errado torto tornou e entornou finalmente em formosura.

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