sexta-feira, 23 de março de 2007

carta vermelha

Senhor meu,

espiar pelas frestas, escorregar pelos cantos, abusar do direito inalienável do desvio são com certeza coisas que desejo com ardor. E neste sentido, o discurso clandestino deixa na minha boca um gosto de puteiro da década de vinte, me sinto com os lábios rubros e úmidos das cortesãs, com seus decotes fundos e seios fartos, as rendas nas calcinhas proibidas, as coxas de encher as mãos curiosas e perspicazes, e sobretudo a inteligência daquelas que sabem ser a cada dia uma outra mulher. Por isso, prezado Senhor, escute nas minhas palavras oblíquas o sussurro proibido de uma meretriz, tão carmesim quanto as luzes da casa e tão infernal quanto a minha presença na tua vida.

Exalando a alfazema dos banhos matinais das mulheres de vida fácil, misturado com o cheiro fresco dos lençóis limpos e roseados que esperam o corpo do próximo homem, despeço-me agora e espero-te em breve.

2 comentários:

Anônimo disse...

Esta noite encarnarei no teu cadáver: inferno de pipocas, com molho de pimenta...

Anônimo disse...

me segura que vou dar um troço!