quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

da apropriação

(do mesmo jeito que não sei contar histórias, não sei fazer os versinhos bonitos da Anita, e menos ainda seus desenhos infinitos; mas vai assim mesmo meu agradecimento, floreadinho ridículo, como consigo fazer:)
Sim, querida Anita, essa é a mulher que queria ser e que pretendo ser. Dou graças às curvas serpentinas, ao cair sinuoso dos confetes coloridos e às confusões carnavalescas e feminis. Aprendi a ser doentemente favorável à educação pelo gênero: homem é homem, mulher é mulher, Deus foi muito generoso conosco quando inventou tudo isso. Talvez as mocinhas feministas de plantão olhem pra mim com raiva intestina - fodam-se, não nego mais a minha histeria, rezo apenas pra que ela não atrapalhe demais a vida dos meus entornos, nem feche as minhas janelas - os olhos que choram demais enxergam de menos, diz minha mãe. Sim, o torto tem sua razão de ser: tem sua beleza, sua formosura, sua dor, sua instantaneidade, sua urgência: coisas que nós, parideiras, conhecemos de muito perto.

Um comentário:

Anônimo disse...

ju, este é um poema muito importante para mim. é do mario quintana. ele sempre me tranquiliza, pois é noturno, silencioso, e porque fala de como é fundamental sonhar. não importa se loucamente, delicadamente, desastradamente. sonhar com a mulher que queremos ser, com o futuro das nossas crianças, com grandes amores... Sobre a histeria do "livre-sonhar" e do "livre-sentir": quando a gente pensa que está estragando alguma coisa aqui, pode estar consertando ali.

poema

o grilo procura
no escuro
o mais puro diamante perdido.

o grilo
com suas frágeis britadeiras de vidro
perfura

as implacáveis solidões noturnas.

e se o que tanto buscas só existe
em tua límpida loucura

-que importa?-

isso
exatamente isso
é o seu diamante mais puro!