sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

carta ridícula X

Vai chegar o tempo em que não haverá palavra oblíqua. Vai chegar o tempo em que os olhos conhecerão, ainda que abertos, ainda que os mesmos, todos os caminhos do corpo, e a alma em festa vai estar do lado de fora da casa, sem espera, sem dúvida, sem medo. Vai chegar o tempo em que a luz das manhãs vai iluminar todas as janelas e as portas permanecerão abertas para que possamos sair quando houver delicadeza, e estarão fechadas quando for preciso ficar por causa da fúria ou da beleza. Vai haver o tempo de pouca saudade, permeada e breve, só nas frestas do dia, e então será o tempo de amores frescos e tantos em noites de lua ou de chuva. Vai chegar, sim, o tempo em que não será preciso partir.

Um comentário:

Anônimo disse...

joga na loteria!