sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

alvíssaras

"e, circunstancialmente, entre posturas mais urgentes, cada um deve sentar-se num banco, plantar bem os pés no chão, curvar a espinha, fincar o cotovelo do braço no joelho, e, depois, na altura do queixo, apoiar a cabeça no dorso da mão, e com olhos amenos assistir ao movimento do sol e das chuvas e dos ventos, e com os mesmos olhos amenos, assistir à manipulação misteriosa de outras ferramentas que o tempo habilmente emprega em suas transformações, não questionando jamais sobre seus desígnios insondáveis, sinuosos, como não se questionam nos puros planos das planícies as trilhas tortuosas, debaixo dos cascos, traçados nos pastos pelos rebanhos: que o gado vai ao poço." (lavoura arcaica, raduan nassar).

Roubo este e ponho aqui querendo na verdade tatuar dentro dos olhos pra não esquecer jamais.
As mãos carregam pétalas.
Os pés reaprendem a andar.
A casa toda precisa de sol - hora de abrir as portas, as janelas, amanhecer.
Os olhos, molhados como sempre e sempre os mesmos, grandes e tristes.
Esse ano precisava mesmo acabar. Pois então, respira fundo, Juliana, que o ar voltou.
Que venha 2007.

Um comentário:

Anônimo disse...

Respira fundo, Juliana... Juliana
na roda com João/Uma rosa e um sorvete na mão /Juliana, seu sonho, uma ilusão /Juliana e o amigo João /
Juliana girando - oi, girando
Oi, na roda gigante - oi, girando
Oi, na roda gigante - oi, girando