sábado, 21 de janeiro de 2023

cartografia 44 (será?)

Súbito – sempre assim – sou acometida deste estado a um só tempo volátil e oceânico, ou antes, suspenso como uma cordilheira que nascesse por dentro. Súbito, dou conta destes pés que me caminham, das minhas dobras úmidas que sabem meu nome e minha sorte, das juntas que cantarolam, das minhas mãos que conhecem encruzilhadas e muitos mistérios. É como se encontrasse no mei' da rua aquela mulher que eu fui, irrecusável e fácil, oblíqua e sanguínea, e lhe beijasse a boca, demoradamente. Nesta cidade cheia de azuis, nesta noite bonita lá fora e aqui dentro, debaixo da minha pele, no céu da minha boca que pulsa, aquele cavalo sem domar, um diamante bruto, sete cores, água e vento. E nenhum verbo fugidio.

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