quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

na travessia, dia 10

mantena, mg - são paulo, sp

1034 quilômetros, 17 horas de viagem.

depois de passar por belo horizonte, entardece. viagem de ventania, nem lembra se olhou pra trás ao primeiro passo aço aço. meus olhos enchem, escorrem, explico pra luiza que esta é minha música preferida, e que este disco me acompanhou nos 27 dias de hospital que antecederam seu nascimento. também se chamavam sonhos e sonhos não envelhecem. meu coração transborda, as montanhas de minas gerais ao meu lado. em meio a tantos gases lacrimogênios ficam calmos calmos. olho nos seus olhos tão azuis, cada coisa no seu lugar. e lá se vai mais um dia. quero cegar as retinas no sol desta tarde e afogar meus ouvidos nesta voz. de tudo se faz canção e o coração na curva de um rio rio rio. respiramos juntos, gostamos o mesmo gosto, nossa memória compartilhada, nosso amor muito e no real diverso, que aprendi o presente que ganhei: tamanho é o tamanho da alma. esquina mais de um milhão, quero ver então a gente gente gente.

e lá se vai mais um dia.

"E me cerro, aqui, mire e veja. Isto não é o de um relatar passagens de sua vida, em toda admiração. Conto o que fui e vi, no levantar do dia. Auroras. Cerro. O senhor vê. Contei tudo. Agora estou aqui, quase barranqueiro. Para a velhice vou, com ordem e trabalho. Sei de mim? Cumpro. O Rio de São Francisco – que de tão grande se comparece – parece é um pau grosso, em pé, enorme... Amável o senhor me ouviu, minha idéia confirmou: que o Diabo não existe. Pois não? O senhor é um homem soberano, circunspecto. Amigos somos. Nonada. O diabo não há! É o que eu digo, se for... Existe é homem humano. Travessia."

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