quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

retroverso

Termino 2007 como quem come depressa demais: tudo foi tanto e tão rápido que não estou capaz de entender cada parte, de repartir a misturada em pequenas e coloridas moléculas, diferentes e minúsculas, cada uma alimento específico de um lugarzinho do meu corpo.
Termino o ano com a dor da ferida aberta e latejante, avesso repugnante purulento exposto que precisa renascer pra quem sabe cicatrizar de dentro pra fora, e que volta de novo pra me cuspir na cara aquela única certeza de que não posso perder a vigilância, nunca, não há descanso, sei disso, sei disso, e embora saber não seja suficiente, eu sei e isso precisa ser um começo.
Termino o ano repleta e transbordada de amor verdadeiro: uns frescos, desses de alegria suspensa no ar; uns renovados pela beleza do encontro; alguns em tristeza de plataforma, natureza do caminho que nem sempre é o mais fácil; amores-pra-sempre de infinitude e formosura, reinventados e sempre os mesmos; amores de gentileza; amores de solidão.
Mas termino inteira, com minha alegria simples, meus olhos imensos abertos e molhados, as mãos dedicadas, um pouco de cansaço, algum desencanto talvez, o medo sempre aqui e ali em meu desespero cotidiano.
Termino 2007 de mãos dadas a outras mãos, que é pra não esquecer e pra poder seguir adiante.
Que venha 2008, estamos prontos.
Alvíssaras.

Nenhum comentário: