terça-feira, 23 de outubro de 2007

auguração

o ano será de sorte, costumávamos sussurrar sob a lua na janela; e nos já foi generoso, pois que ensolaramos infinitudes, pois que o disco saiu com minhas pétalas, minha tristeza e teus colchetes, pois que do encontro nasceu o risco.
o ano deveria ser de sorte, e acreditamos tanto no vôo dos pássaros, nas sincronicidades amontoadas, nas delicadezas; e tem sido verdadeiro, porque vamos juntos e sorridentes, apesar do escuro desconhecido, dos imponderáveis sucessivos, da velocidade intransigente.
são 70 dias ainda, e seguimos assim, as mãos dadas, agarradas às mãos, os joelhos empenhados em não despencar, os olhos encharcados e corajosos, muito e cada vez mais misturados, repetindo um para o outro mesmo às vezes sem certeza que tudo vai dar certo, esse é nosso ano de sorte, os números não haveriam de mentir, e o futuro logo ali pertinho nos reserva o lugar que merecemos, pois desejamos tão pouco, meu deus, só almoços de tumulto e noites de profundezas, aquele direito ao mais formoso dos desígnios e que nos prometeram inalienável: nosso rosal amoroso, teu norte no meu, o labirinto, e além.

Um comentário:

Anônimo disse...

hpg profetizou: "O RI$CO É NÓIS!"
e desconhecido filosofou: "O CERTO MESMO É O QUEM SABE"