sexta-feira, 15 de junho de 2007

carta púrpura

Depois de dias de silêncio tormentoso, meu Senhor, volto aqui rapidamente, um bilhete em desmesura: vestirei os saltos altos e as roupas desclassificadas; caminharei entre tuas mãos com desejos explícitos e devoção ignorante; servirei-te como servem as mais baixas criaturas aos seus senhores; elevarei as mãos aos céus agradecendo teu desprezo e tua fome; sentirei desconexa o desacerto das palavras e a rispidez do gesto; calarei sorrindo quando, depois do tapa, acarinhares saborosamente meu corpo marcado.

Pois que meu amor por ti é tão santo quanto pornográfico: nada me custa oferecer-te a outra face.

Nenhum comentário: