Vai chegar o tempo das coisas possíveis
vai chegar de novo a noite de sono exausto
e vai haver a manhã nua e ensolarada
aquela que sempre sonhei e nunca tive.
E vão chegar de novo os dias de delicadeza
do frescor das paixões prováveis
da alegria feita de surpresa e espera
de corpo cúmplice e riso desarmado.
Hoje a noite é de um silêncio falador
que ocupa todos os cantos da casa feia.
Não há aqui lugar de descanso.
Só meus olhos tristes e turvados.
Mas vai haver ainda tempo de ser
de novo o tempo do afeto inconteste
costurado no amor generoso e intransitivo
velho conhecido meu, teimando em esperar.
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