Resta ainda uma camada no meu mapa, abaixo de todas as outras – derme, epiderme, subterrâneo, líquido, inferior, inferior de dentro, depois, escuro e rés do sangue – em que meu corpo finalmente dança intransitivo pois que é desejo em sua pulsão original, densa, desprovida de pejo e suja.
Possivelmente esta é a camada mais próxima da morte.
Possivelmente esta é a camada mais próxima de Deus.
Todos os seus dedos dentro da minha boceta e a pressão única que isso provoca no céu da minha boca. Todos os seus dedos e quase o punho dentro da boceta dela e o estralar dos planetas dentro das minhas retinas. Meus peitos enormes de saudade lactante nas minhas mãos e na sua boca e na boca dela. Os peitos perfeitos delas nas nossas mãos. Minhas mãos milagreiras. Seu pau inteiro dentro da minha boca engasgada e minhas dobras subitamente encharcadas, escorrendo nas minhas coxas. Meu cheiro, seu cheiro, minha pele macia. Minha barriga fria e meus joelhos soltos, e a parte anterior dos seus joelhos, lisa. Seu pau lento na boceta dela e minha língua nele e nela e ela encravando as unhas na minha bunda até sangrar. Minha boceta que não é bonita mas que é flor aberta e cicatriz pulsando, rosa e úmida quando se esfrega na sua cara até tirar o ar até arrancar o chão até afrouxar o sentido até roubar o norte até afogar de gozo até morrer de amor. Seu pau dentro de mim e eu desfalecida. Meu grito. Meu orgasmo na minha mão, egoísta e eficiente, sem você, sem ela. Minha boca na sua boca. Minha palavra silenciada na sua língua.
Vivemos uma tragédia. O presidente do Brasil é um genocida. Meu coração está dilacerado, sinto medo, saudade e tristeza. Taquicárdica, vasculho o fundo do mar em busca de fôlego. E o que encontro é minha carta pornográfica. Dou graças. Eles nunca entenderão.
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