Exu acertou o pássaro ontem com a pedra que lançou hoje
e acertará, com a pedra que lançou ontem,
o pássaro que ainda não voou
e acertará, com a pedra que lançou ontem,
o pássaro que ainda não voou
Começo aqui um registro cartográfico do meu corpo.
Viagem anunciada: desconforto, desformatura, deslocamento.
Dançar nunca foi uma opção.
Dançar nem sequer foi um desejo.
Dançar sempre foi a saudade do que eu jamais fui.
Mas à semelhança dos meus partos - filhos, discos, espetáculos - meu corpo conhece a inércia e a iminência, e entre uma e outra, o vazio silencioso que antecede as importâncias. Feito de água, vento e palavra, a um só tempo continente e cachoeira.
Dançar é agora urgência. Ato político. Gravidez da voz que sempre tive e da que ainda terei. Procedimento e polinização.
Risco aqui a cartografia do meu corpo. Um corpo cruzado, atravessado e na travessia. Corpo-percurso, subversivo, resiliente, e que envelhece. Um corpo em busca do que já foi, e que quer lembrar o que será.
Risco aqui a cartografia do meu corpo. Um corpo cruzado, atravessado e na travessia. Corpo-percurso, subversivo, resiliente, e que envelhece. Um corpo em busca do que já foi, e que quer lembrar o que será.
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