tem dia que é tão grande que a escritura estraga.
manhã de feira, o gesto ancestral de apanhar tudo fresco, cozinhar dedicado pro povo todo, fartar, e depois o cheiro de café, que eu podia fazer só isso pro resto da vida, valei-me.
na tarde ensolarada, estrada, pedra e cachoeira, correr das águas que tudo levam, tudo curam, tudo limpam, peço licença, ofereço o corpo cantando minha oração e agradeço o meu lugar.
o que conforta é que a poesia resiste: toda a delicadeza mora nos moços que levam na garupa de suas bicicletas, de ladinho, suas namoradas em vestido de algodão.
"Sertão velho de idades. Porque – serra pede serra – e dessas, altas, é que o senhor vê bem: como é que o sertão vem e volta. Não adianta se dar as costas. Ele beira aqui, e vai beirar outros lugares, tão distantes. Rumor dele se escuta. Sertão sendo do sol e os pássaros: urubu, gavião – que sempre voam, às imensidões, por sobre... Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e se abaixa. Mas que as curvas dos campos estendem sempre para mais longe. Ali envelhece vento. E os brabos bichos, do fundo dele..."
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