eu trocava tudo, tudo mesmo, por poder dançar.
mas nasci sem as certas disponibilidades nas juntas e músculos.
então, por consolação, deus me deu mãos bailarinas.
valha-me, que tudo nessa vida tem sua justiça.
deve ser porque meu nome foi herança torta da minha vó Julia, que fazia crochê do tamanho do infinito, e criou seus 14 filhos em silêncio.
minha vó achava seu nome triste.
lembro dos olhos líquidos da tia Lucy por trás das grades da clausura, transparentes de tão azuis.
minhas mãos e meus olhos carregam o mundo do mesmo jeito que as minhas tias carmelitas em suas orações cegas, incessantes e infantis.
com a diferença de que elas não o conhecem.
elas têm sorte.
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